- O que é isto?
- Uma gravata.
Muito bem. A sua resposta é lógica, coerente com absolutamente normal: uma gravata! Um louco, porém, diria que eu tenho ao pescoço um pano colorido, ridículo, inútil, amarrado de uma maneira complicada, que acaba por dificultar os movimentos da cabeça e por exigir um esforço maior para que o ar possa entrar nos pulmões. Se eu me distrair quando estiver perto de um ventilador, posso morrer estrangulado por este pano. Se um louco me perguntar para que serve uma gravata, eu terei que responder: absolutamente para nada. Nem mesmo para enfeitar, porque hoje em dia ela tornou-se o símbolo de escravidão, poder, distanciamento. A única utilidade da gravata consiste em chegar a casa e tirá-la, dando a sensação de que estamos livres de alguma coisa que nem sabemos o que é. Mas a sensação de alívio justifica a existência da gravata? Não. Mesmo assim, se eu perguntar a um louco e a uma pessoa normal e a uma pessoa o que é isso, será considerado são aquele que responder: uma gravata. Não importa quem está certo – importa quem tem razão - trecho de Veronika Decide Morrer.
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