17 junho, 2011

Muse - Time is Running Out (Live @ Rock in Rio Lisboa 08)



Uma das minhas músicas preferidas de uma das minhas bandas preferidas.
O MUSE é incrível, definitivamente.
E serei sempre grata ao meu irmão que me levou ao show deles, embora o U2 fosse o foco da idéia.
E eles tocaram Time is Running Out - que eu gravei, mas tem mais histeria minha que som bom de se ouvir - pena.
Mas valeu cada segundo. Com letra, sem letra, com voz ou sem voz.

"I think I'm drowning...Asphyxiated"

07 junho, 2011

Let's Dance.

Já era alta madrugada quando Danielle acordou de seu sono leve com as tosses do irmão, cada vez mais fortes e mais desgastantes para o garoto, com seus cinco anos de idade. A dois dias já ele mal falava, de tão ferida que estava a garganta. Ela apostara suas ultimas fichas em um chá e alguns remédios simples, mas nada adiantava: a febre não cessava, a pressão na cabeça e até mesmo garganta e fraqueza. Phillipe mal levantava da cama.

Sentou-se na cama improvisada com um colchão de casal no chão e algumas cobertas para proteger-lhes do frio de cinco graus que fazia lá fora do apartamento antigo e abandonado que ocupavam a algumas semanas. Colocou a mão na testa dele, apenas para atestar o que já sabia: a febre não baixava. Olhou-o ali, semi acordado, e não conseguiu evitar uma expressão triste. Ele era tão novinho para estar passando por aquilo tudo, aquele mundo confuso, aquela doença estranha. Nem seu corpo que se recuperava rápido estava ajudando. Afagou a bochecha quente, depois retirando os cabelos colados da testa.

-Mana... – ele a chamou, sentindo seu toque, abrindo os olhos com dificuldades. E sorriu para ela, mesmo que fraco – Eu vou para onde a mamãe foi?

A pergunta dele foi inocente, mas a fez ficar ainda mais consternada. Danielle havia contado para ele quando o mesmo três anos que a mãe de ambos ficara muito doente, e depois faleceu. E desde então era ela quem cuidava dele, como uma mãe substituta, mesmo sendo só dez anos mais velha que ele. Respirou fundo o ar gelado, negando com a cabeça.

-Não, Phil. Você vai ficar bom. A mana vai cuidar de você, viu? Agora volte a dormir... está tarde.

-Tá – ele apenas respondeu, segurando a mão direita dela e fechando os olhos, tremendo um pouco pelo tempo que esfriava.

Ela esperou até que ele dormisse, sem sequer se mover. Quando ele adormeceu, colocou o ursinho encardido nos braços dele, e o menino o abraçou para o sono, libertando a mão da mesma. Ela se levantou, passando as mãos pelos cabelos, pensativa, andando pelo quarto. Foi até o outro cômodo, sem abrir a janela para não criar uma corrente de ar, e observou a escuridão. Teria de recorrer a Alan novamente. E detestava pensar nisso. Mas detestava mais ainda a idéia de perder o irmão. Não era como se ele dependesse dela. Era ela quem dependia dele. Sem ele, não fazia mais sentido continuar vivendo. Seu pequeno milagre.

E Phillipe valia qualquer preço.


Logo que amanheceu ela enrolou Phill em cobertas, levando-o no colo por 10 quadras andando. Ia procurar alguém, e torcia para que a pessoa estivesse ainda onde a vira a uma semana. Andava com o nascer do sol, que mesmo fraco e encoberto pelo cinza. Andar durante o dia era o jeito mais seguro, sempre pelo meio da rua, e ainda sim sempre com muita atenção. Não eram normais ataques ali, quase se vivia tranqüilo durante o dia – menos quando haviam mercenários da Cidade Alta envolvidos.

- Pen – ela chamou, quando chegou na porta da antiga loja de departamentos, que já fora muito famosa a pelo menos 15 anos atrás. Tinha esperanças que a mulher ainda estivesse ali, para que ela pudesse fazer o que deveria ser feito – Penny. Sou eu, Danielle. Eu preciso da sua ajuda. É o Phil. Ele está doente.

Quem conhecia Danielle, por menos que conhecesse a garota estranha de olhos tão claros, sabia que o que a regia era o irmão, e o instinto de proteção que ela tinha com o mesmo. E se ela pedia ajuda para algo e usava seu nome, com certeza havia algo de sério. Pen saiu de trás de uma porta, olhando com seus olhos de mulher de mais de quarenta anos, inteligente e observadora, a garota com a trouxa que segurava tão protetoramente no colo. E agora que ambas se viam, se moveram.

- O que tem o menino? – perguntou a senhora, aproximando-se e apoiando o cabo de vassoura que segurava no balcão antigo de atendimento da loja, onde Danielle pousava o menino, deitando-o com cuidado.

- Febre alta, dor no corpo...mal consegue falar por causa da garganta ferida..e fraco, não come nada...

-E o que você vai fazer? - perguntou, conferindo a febre, depois erguendo os olhos e encarando os preocupados da garota. E o silencio dizia tudo – Você vai atrás de Alan, novamente – ela falava quase como pesar a comprovação. A velha sabia um pouco de tudo, como se ouvisse tudo. E sabia que o rapaz que citara não era alguém que fazia caridades.

-Já fiz alguns..serviços para ele. Não será difícil.

Mas ela mentia para si mesma. E não esperava que a outra acreditasse nela.

-Olha...você fica com ele, até eu voltar? – perguntou, um pouco impaciente – Eu voltarei o mais rápido que puder. Só consigo pensar nele, para conseguir algum remédio nesse fim de mundo.

A mulher olhou para ela, e após olhar novamente o estado do menino, revirou os olhos.

-Vai. E vai enquanto ainda está claro. Eu cuido do seu irmão – prometeu, pegando o garoto no colo, adormecido demais pelo torpor da febre para ver enquanto a irmã saia, sem olhar para trás, determinada em fazer qualquer coisa para conseguir ajuda ou remédios.