O ventilador girava devagar no teto, de forma que podia acompanhar todas as voltas com o olhar. Fechou novamente os olhos, e depois os reabriu, encarando. Um suspiro profundo e demorado.
Tateou a cama a procura do que sabia ter deixado ali, uma caixa de cigarros com um pequeno isqueiro dentro. Não desviou o olhar do ventilador, como se seus olhos estivessem presos à ele. Abria a caixinha, retirando um e colocando entre os lábios, acendendo-o.
Um longo trago, a fumaça espiralando pelo ar, um novo suspiro.
Estava acordada a horas, mas era impossível voltar a dormir. Não poderia se prender a cama por muito mais tempo, porque lá fora o dia já recomeçara. E era hora do seu dia recomeçar. Olhou em direção a janela, fechada por grades, protegida de algo do mundo lá fora enquanto dentro dela mesma se escondia dentro de outras grades. Tão grosseiras quanto.
Forcou-se a sentar, cobrindo o corpo com qualquer peça que estava espalhada pela cama.
E um novo trago, um novo suspiro, o mesmo aperto no peito.
31 julho, 2012
29 julho, 2012
27 julho, 2012
Tempo, tempo, tempo, tempo.
25 julho, 2012
Dazzle Vision - Colored
24 julho, 2012
Apenas isso. E tudo isso.
Não é necessário um todo. E nem tudo é necessário.
Apenas isso. E tudo isso.
It is not necessary a whole. And not everything is necessary. Just it. And all of this.
Eu entendo que nem sempre tudo será igual a um conto de fadas, e eu também não estaria feliz se fosse assim.
I understand that everything is not always equal to a fairy tale, and I also would not be happy if it were.
As coisas devem acontecer ao seu tempo - e mesmo que eu quisesse controlá-lo - se pelo menos a vida tivesse um manual de instruções ou se fosse como um brinquedo de montar.
Things should happen at the time - even if I wanted to control it - If only life had an instruction manual or if it was like a toy to ride.
Mas se tudo já se encaixa de acordo com as condições, por quê nem sempre é fácil de aceitar?
But if everything had fits under the conditions Why is not always easy to accept?
Se pelo menos a vida tivesse um menu, eu poderia escolher o que iria acontecer. Será que eu faria as melhores escolhas?
If only life had a menu I could choose what would happen. I would be the best choices?
I even understand that not everything will be as always a love song. With a tragic end, poetic, beautiful. Not like the novels.
Ninguém mais escreve o final. Mas então por quê assim?
Nobody else writes the final but then why so?
Se é tão simples por quê parece tão...
If it is so simple for what it seems so...
...Não é necessário um todo. E nem tudo é necessário. Apenas isso. E tudo isso.
It is not necessary a whole. And not everything is necessary. Just it. And all of this.
23 julho, 2012
21 julho, 2012
Ela abre os olhos devagar, passando as costas de uma das mãos nos olhos para espantar o sono. Preguiçosamente, vira-se sobre o colchão de forma demorada, até acomodar o corpo em algo mais confortável do que a forma encolhida que dormira. Seu corpo todo reclama, como se mal tivesse mudado de posição a noite inteira. Um sono cansado. O computador permaneceu em hibernação na própria cama. Apenas com o som e a luz emitida dele, singular no quarto, a encaminhou para o sono. Quando abriu os olhos, foi a primeira coisa que viu. Cogitou não ligá-lo mas no fim das contas, era força do hábito.
A cortina balançando por causa do ventilador dança diante da janela, igualmente preguiçosa. O dia inteiro está assim, parado no tempo.
A cortina balançando por causa do ventilador dança diante da janela, igualmente preguiçosa. O dia inteiro está assim, parado no tempo.
Tudo está parado.
O relógio, o tempo, o sentimento.
18 julho, 2012
Ela atravessa a saída do metrô debaixo da chuva fina e constante, caminhando até o ponto de ônibus. Rotina, rotina, rotina. E são tantas vozes, e tantas pessoas, e tanto barulho. Embarca no ônibus, num lugar mais ao fundo, apoiando a cabeça no vidro.
Eu sinto falta do silêncio que conforta
Pois aqui dentro tudo é tormenta
Tudo está quebrado
Se arrasta o desalento
O ônibus dá a partida. Os fones de ouvido não estão funcionando, então não dá para ignorar o que grita por dentro. Tantas coisas, tantas perguntas, tantas. Tantas. E o dia passa. Termina.
E quando a noite cai
As horas se arrastam sem pressa
Passando por mim
Me deixando para trás
O que restou do que poderia ser
A cama. A janela. São janelas diferentes, são paisagens diferentes. Mas a lua é sempre a mesma. O céu é o mesmo sempre. Assim como a insônia. Assim como a parede de hera. E o reflexo na janela.
Algumas coisas parecem destruídas
Vejo apenas um invólucro vazio
Esperando outro amanhecer
Em meio a tantos murmúrios
Presa em tantos "por quês"
Dia após dia.
A tanto tempo.
Há tanto tempo.
Eu sinto falta do silêncio que conforta
Pois aqui dentro tudo é tormenta
Tudo está quebrado
Se arrasta o desalento
O ônibus dá a partida. Os fones de ouvido não estão funcionando, então não dá para ignorar o que grita por dentro. Tantas coisas, tantas perguntas, tantas. Tantas. E o dia passa. Termina.
E quando a noite cai
As horas se arrastam sem pressa
Passando por mim
Me deixando para trás
O que restou do que poderia ser
A cama. A janela. São janelas diferentes, são paisagens diferentes. Mas a lua é sempre a mesma. O céu é o mesmo sempre. Assim como a insônia. Assim como a parede de hera. E o reflexo na janela.
Algumas coisas parecem destruídas
Vejo apenas um invólucro vazio
Esperando outro amanhecer
Em meio a tantos murmúrios
Presa em tantos "por quês"
Dia após dia.
A tanto tempo.
Há tanto tempo.
05 junho, 2012
17 maio, 2012
Traduzir-se
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte se sabe
de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão de vida ou morte -
será arte?
-Traduzir-se, de Ferreira Gullar.
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte se sabe
de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão de vida ou morte -
será arte?
-Traduzir-se, de Ferreira Gullar.
15 maio, 2012
Coffee
Ninguém dorme nesta internet hoje.
Eu estou trabalhando, ok. Todo o resto é desculpa, assim como todos os outros.
Como eu queria um café agora..
14 maio, 2012
Em uma guerra, não há um lado bom e um lado ruim, pois cada lado luta pelo que acredita.
Em uma discussão, não existe um lado com mais razão que o outro. Existem pontos de vista divergentes, embasados nas próprias concepções.
Não há uma verdade absoluta que não possa ser contestada por outras verdades absolutas.
Não há nada eterno, e sim coisas que são eternas - enquanto duram.
Não há tristeza que não possa ser aliviada com uma palavra de consolo sincera, com uma presença agradável, com um abraço apertado, com um telefonema de boa noite.
Fins não precisam ser para sempre, porque o que causa o fim não dura para sempre e sim o tempo suficiente para ser superado.
Em uma discussão, não existe um lado com mais razão que o outro. Existem pontos de vista divergentes, embasados nas próprias concepções.
Não há uma verdade absoluta que não possa ser contestada por outras verdades absolutas.
Não há nada eterno, e sim coisas que são eternas - enquanto duram.
Não há tristeza que não possa ser aliviada com uma palavra de consolo sincera, com uma presença agradável, com um abraço apertado, com um telefonema de boa noite.
Fins não precisam ser para sempre, porque o que causa o fim não dura para sempre e sim o tempo suficiente para ser superado.
12 maio, 2012
Gravatas
- O que é isto?
- Uma gravata.
Muito bem. A sua resposta é lógica, coerente com absolutamente normal: uma gravata! Um louco, porém, diria que eu tenho ao pescoço um pano colorido, ridículo, inútil, amarrado de uma maneira complicada, que acaba por dificultar os movimentos da cabeça e por exigir um esforço maior para que o ar possa entrar nos pulmões. Se eu me distrair quando estiver perto de um ventilador, posso morrer estrangulado por este pano. Se um louco me perguntar para que serve uma gravata, eu terei que responder: absolutamente para nada. Nem mesmo para enfeitar, porque hoje em dia ela tornou-se o símbolo de escravidão, poder, distanciamento. A única utilidade da gravata consiste em chegar a casa e tirá-la, dando a sensação de que estamos livres de alguma coisa que nem sabemos o que é. Mas a sensação de alívio justifica a existência da gravata? Não. Mesmo assim, se eu perguntar a um louco e a uma pessoa normal e a uma pessoa o que é isso, será considerado são aquele que responder: uma gravata. Não importa quem está certo – importa quem tem razão - trecho de Veronika Decide Morrer.
- Uma gravata.
Muito bem. A sua resposta é lógica, coerente com absolutamente normal: uma gravata! Um louco, porém, diria que eu tenho ao pescoço um pano colorido, ridículo, inútil, amarrado de uma maneira complicada, que acaba por dificultar os movimentos da cabeça e por exigir um esforço maior para que o ar possa entrar nos pulmões. Se eu me distrair quando estiver perto de um ventilador, posso morrer estrangulado por este pano. Se um louco me perguntar para que serve uma gravata, eu terei que responder: absolutamente para nada. Nem mesmo para enfeitar, porque hoje em dia ela tornou-se o símbolo de escravidão, poder, distanciamento. A única utilidade da gravata consiste em chegar a casa e tirá-la, dando a sensação de que estamos livres de alguma coisa que nem sabemos o que é. Mas a sensação de alívio justifica a existência da gravata? Não. Mesmo assim, se eu perguntar a um louco e a uma pessoa normal e a uma pessoa o que é isso, será considerado são aquele que responder: uma gravata. Não importa quem está certo – importa quem tem razão - trecho de Veronika Decide Morrer.
10 maio, 2012
08 maio, 2012
03 maio, 2012
Transações Online
Hoje, pela primeira vez, fiz uma transação bancária pela internet.
Não usava a senha para consultar a conta faz tanto tempo que ela tinha expirado.
Impossível não rir lembrando de uma pessoa reclamando de gente que não faz isso e me chamando de atrasada, daquelas que ainda enfrentam fila de banco e atrasam quem quer usar o caixa eletrônico.
Mas fazer o quê? Meu nome é desconfiança. O próximo passo agora é realizar uma compra com cartão de crédito pela internet.
Ps.: Eu juro que nasci na década de 80.
Impossível não rir lembrando de uma pessoa reclamando de gente que não faz isso e me chamando de atrasada, daquelas que ainda enfrentam fila de banco e atrasam quem quer usar o caixa eletrônico.
Mas fazer o quê? Meu nome é desconfiança. O próximo passo agora é realizar uma compra com cartão de crédito pela internet.
Ps.: Eu juro que nasci na década de 80.
Keep Calm...
Eu adorei isso. Essa modinha de "Keep Calm" me diverte horrores.
Quero atualizar mais este blog, ou partir logo para o tumblr - que já está criado sem nada postado.
Mas a preguiça. Ha! A preguiça..
09 abril, 2012
- Cale a boca, cale a boca!
Ela berrava com raiva contra ele, tampando inutilmente os ouvidos com as mãos, andando para longe dele. Era infantil, mas seus limites de racionalidade naquele momento só podiam oferecer algo assim.
- Você vai ter que me ouvir. Em algum momento.
Ele andava calmamente atrás dela, inqueito por dentro, porque sabia que teria de machucá-la. Algumas coisas simplesmente não tinham outra solução.
- Não tenho, e não vou te ouvir. Eu sei o que você vai dizer...
Ela começou a descer o pier inclinado, deixando que a própria descida acelerasse seus passos. Já haviam tido aquela conversa, e o assunto nunca mudaria. Nem a razão, nem o final dela. Só que agora, ela não mais dizia que não concordava. [...]
Ela berrava com raiva contra ele, tampando inutilmente os ouvidos com as mãos, andando para longe dele. Era infantil, mas seus limites de racionalidade naquele momento só podiam oferecer algo assim.
- Você vai ter que me ouvir. Em algum momento.
Ele andava calmamente atrás dela, inqueito por dentro, porque sabia que teria de machucá-la. Algumas coisas simplesmente não tinham outra solução.
- Não tenho, e não vou te ouvir. Eu sei o que você vai dizer...
Ela começou a descer o pier inclinado, deixando que a própria descida acelerasse seus passos. Já haviam tido aquela conversa, e o assunto nunca mudaria. Nem a razão, nem o final dela. Só que agora, ela não mais dizia que não concordava. [...]
04 abril, 2012
15 março, 2012
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