Ela atravessa a saída do metrô debaixo da chuva fina e constante, caminhando até o ponto de ônibus. Rotina, rotina, rotina. E são tantas vozes, e tantas pessoas, e tanto barulho. Embarca no ônibus, num lugar mais ao fundo, apoiando a cabeça no vidro.
Eu sinto falta do silêncio que conforta
Pois aqui dentro tudo é tormenta
Tudo está quebrado
Se arrasta o desalento
O ônibus dá a partida. Os fones de ouvido não estão funcionando, então não dá para ignorar o que grita por dentro. Tantas coisas, tantas perguntas, tantas. Tantas. E o dia passa. Termina.
E quando a noite cai
As horas se arrastam sem pressa
Passando por mim
Me deixando para trás
O que restou do que poderia ser
A cama. A janela. São janelas diferentes, são paisagens diferentes. Mas a lua é sempre a mesma. O céu é o mesmo sempre. Assim como a insônia. Assim como a parede de hera. E o reflexo na janela.
Algumas coisas parecem destruídas
Vejo apenas um invólucro vazio
Esperando outro amanhecer
Em meio a tantos murmúrios
Presa em tantos "por quês"
Dia após dia.
A tanto tempo.
Há tanto tempo.
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